sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ao meu Pai ...

Um fio de cabelo sobre o teu rosto … traços de barba num desfecho de harmonia … passas a mão sobre camisa… tentando alisar o que ferro deixou para trás … um sorriso de criança … rouba-te os anos que a pele não deixa esconder … olhas-me com meiguice … e eu … sossegada … ajeito a cadeira disfarçando uma leve inquietude …
Não sei quem sou … porque já não estás … sinto saudade do que éramos …
Esta dor que tenho aqui no peito … apertado … mirrado … levaste-o contigo …. Percorreste meio mundo …. E não voltas … já não estás … e eu … tenho saudade … de sentir o afago invisível … dos carinhos transparentes … e das palavras no lugar certo, há hora certa … se aqui estivesses ... dizia-te … que afinal … nem sempre o trajecto que delineastes … é o mais correcto …
Sou mãe … entendo agora melhor o que me conversavas … só quero que saibas que não quero repetir o teu passado … afinal de contas … não te trouxe felicidade … quero sim que sintas … que estou bem melhor assim … e isso é o bastante para ficares feliz por mim …

Sem comentários: